terça-feira, 4 de agosto de 2009

Depressão: A sombra nas relações de trabalho.

Mais da metade dos bancários (as) de Florianópolis e Região com problemas de saúde adquiridos no local de trabalho, sofrem de transtornos mentais e do comportamento, entre eles, um mal chamado depressão. O dado foi constatado pelo departamento de saúde do trabalhador do SEEB.

Chamada por muitos de “o mal do século” a doença é silenciosa, e afeta todo o organismo, comprometendo o físico, o humor e, em conseqüência, o pensamento. A depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.

A Depressão é, portanto, uma doença afetiva ou do humor, não é simplesmente estar na "fossa" ou com "baixo astral" passageiro. Também não é sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 13 milhões. Depressão e ansiedade são responsáveis pela metade (740 milhões de pessoas) das doenças mentais existentes no mundo, segundo a OMS. Quem já teve um episódio de depressão no passado corre 50% de risco de repeti-lo.

Apesar de atingir uma grande parte da população - 17 milhões apenas no Brasil -, a depressão, muitas vezes, não é diagnosticada nem tratada de maneira adequada. Hoje a doença é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a segunda até o ano de 2021. Além disso, a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado.


Assédio Moral e a Depressão

Assédio moral nas relações de trabalho “é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.” (Dra Margarida Barreto - site). Sendo assim, o Assédio Moral se configura como sendo um dos principais fatores que levam o trabalhador a depressão.

Para Schirlei de Azevedo Ribeiro, do departamento de saúde do trabalhador do SEEB Florianópolis, para que se chegue aoo fim dessas práticas nas relações de trabalho, há de se lutar por uma sociedade justa e igualitária, livre de preconceitos e discriminações, humanizar as relações, respeitar as diversidades, trazer de volta às práticas diárias sentimentos mágicos que estão se perdendo no tempo, a solidariedade, fraternidade, verdade, amizade, o amor. Sentir a dor do outro, olhar nos olhos dos companheiros e companheiras, acreditar e construir relações verdadeiras de amizade e de cumplicidade. Sair de nossos “muros”, “grades”, “armaduras”, e pensar, lutar e agir em favor do coletivo. Provar do fruto amargo e dizer o quanto é amargo, desnaturalizando a coisificação do Ser Humano.


Causa e efeito

De acordo com o artigo “Relato I Seminário Nacional de Saúde Mental e Trabalho, com proposições” elaborado por Schirlei, desde a década de 80, pesquisadores e grupos de técnicos brasileiros dedicam-se à produção de conhecimento no campo da saúde mental e trabalho, onde a organização do trabalho, o trabalho estressante e penoso, o trabalho em turnos e noturno, o desemprego prolongado e o assédio moral, entre outros aspectos, podem repercutir sobre a saúde mental de trabalhadores e trabalhadoras.

A relação de trabalho - exploradora e desrespeitosa - e o cotidiano social atribulado, cheio de apelos comerciais, estéticos, emocionais e ideológicos, que na maioria das vezes não são correspondidos, colaboram para a disseminação da depressão em todas as camadas sociais.

O cotidiano do trabalhador bancário é cheio de armadilhas que levam a depressão. A cobrança por metas desumanas, a sobrecarga de trabalho, o desrespeito dos direitos do trabalhador, às demissões... Tudo se soma, levando muitos a procurar auxílio médico apenas. Porém, procure o Sindicato assim que os primeiros sintomas surgirem, para que seus direitos sejam devidamente resguardados.

Pensando a importância em acompanhar de forma solidária os adoecidos no trabalho, o SEEB Florianópolis e Região tem apoiado a ação “Bancários e Bancárias pela Vida”. São encontros mensais no Sindicato que vem unindo trabalhadores e propondo ações pontuais com relação à segurança e a saúde do trabalhador. Participe da próxima reunião, dia 19 de agosto, às 18h30 min no auditório do SEEB.

Fonte: SEEB Fpolis e Região - Jornalista Osíris Duarte (SJSC-1746)

4 comentários:

  1. Este artigo vai circular via informativo para a rede bancária ? Penso que tem muitos doentes trabalhando e não estão sendo atingidos como deveriam, para que se precavessem tanto da doenças, com leis que amparam o trabalhador doente, quanto do assédio, embutidos e escamoteados na metas absurdas impostas a quem necessita de trabalho e emprego. Tem pessoas que aprendem vendo, outras ouvindo, outras participando e falando. Precisamos inventar um jeito de ter um retorno de quem recebe os informativos na rede bancária. Com certeza muitos querem botar a boca no trombone e não sabem como.

    ResponderExcluir
  2. Luiz, está na folha sindical deste mês, para todos e todas que queiram ler, saudações!

    ResponderExcluir
  3. Aproveitando a deixa...Fato horrível este ocorrido nesta quarta em florianópolis, onde sou sindicalizado...
    Hoje estou em curitiba, mas é deprimente a forma como os egressos do Besc, foram recebidos em Curitiba, salvo pequenas excessões, as pessoas estão passando por sérias dificuldades, onde muitas vezes um psicólogo se faz necessário, mas esse profissional, o próprio sindicato deveria disponibilizar...inclusive ainda para os do ex-besc, que estão em Florianópolis...essa cobrança horrível, terrorrista, de metas, e produção... essa forma moderna de escravidão...e não há nada que se faça...assim, a depressão se torna como que, inadiável...infelizmente...mas o que o sindicato pode fazer? acho que muito...muito mesmo...é de se pensar...

    ResponderExcluir
  4. Eu participo da reunião do grupo saúde desde o inicio e até o momento nenhum advogado do sindicato foi dar alguma orientação.
    Psicologo foi acho que na segunda reunião, 2 ,
    mas não do sindicato, foram como voluntários, não apareceram mais. Vç. tem razão, deveria ter um de plantão, com pelo menos um turno disponivel. Eu sou um que precisa...tem outros colegas lá que precisa mais ainda...

    ResponderExcluir